2008-11-07

Barack Obama

Por variadas razões este blog não costuma tratar temas da actualidade, embora seja influenciado por ela. Abro aqui uma excepção para não parecer excessivamente original, ao não me referir a este tema de que toda a gente fala

Depois da alegria e do alívio que constituiu para mim a vitória de Barack Obama nas eleições americanas deixo aqui alguns pensamentos que me ocorreram.

Os sistemas complexos são vulneráveis a grandes catástrofes. Por exemplo o corpo humano, uma maravilha de equilíbrios delicados mas ao mesmo tempo muito robustos, é capaz de sobreviver a enormes adversidades. No entanto, uns poucos miligramas de alguns venenos, bastam para provocar uma reacção em cadeia conduzindo à morte.

Quando o George W. Bush foi eleito (embora com aquele pormenor desagradável dos confettis dos boletins de voto da Florida) eu pensei que a América era uma democracia tão poderosa e robusta que podia dar-se ao luxo de colocar no lugar de presidente uma pessoa muito pouco dotada, um homem sem qualidades. Afinal, nem mesmo a poderosa América consegue evitar problemas gigantescos quando tem um presidente a tomar decisões erradas uma atrás da outra.

A própria Islândia, um país considerado entre os mais ricos do mundo, vê-se em menos de um mês numa situação financeira calamitosa.

Continuo surpreendido com a dificuldade que as sondagens tiveram de prever a vitória de Obama, que foi folgada no número de votos e esmagadora no número de eleitores.

Esta incerteza permanente e esta fragilidade de instituições que nos pareciam sólidas mostra-nos o cuidado que é preciso prestar ao que se passa à nossa volta e a necessidade permanente dos nossos contributos para que uma situação aparentemente boa e sólida não desabe de forma inesperada.

As últimas certezas sólidas que vi foram as dos amanhãs que cantam, do vento que soprava de leste e do horizonte que era vermelho e ultimamente dos mercados omnipotentes e omniscientes.

Como alusão à auspiciosa eleição de Obama deixo aqui uma imagem do "Moongate Garden", um jardim que existe no Smithsonian em Washington DC, inspirado nos jardins de Pequim que rodeiam o Templo do Céu, sendo um entre inúmeros exemplos da abertura do espírito americano às culturas dos outros povos do mundo.

1 comentário:

Helena Araújo disse...

Anda hoje no Jugular falei dessa surpresa de ver uma realidade aparecer onde ela não parecia possível, ou um mundo desaparecer quando parecia tão firme.
Foi a propósito de um filme revolucionário feito na Alemanha de 1932. O país estava mais para aquele tipo de expressões que para o pesadelo nazi que começou naquele mesmo momento!