2010-03-10

Natural e Artificial

Se no último post mostrei uma imagem que poderia parecer “natural” quando era “artificial”, por contraponto mostro agora uma “artificial” que afinal é “natural”.

A imagem está longe de ser bonita mostrando simplesmente o crescimento descontrolado de uma muito pequena parte da cidade de Xangai.




Ao dizer que isto não passa de uma vista da “Natureza”, pois sendo os seres humanos uma parte da natureza também as suas construções o serão, constatamos que o conceito de “natureza” passaria a incluir tudo o que existe, parecendo ficar um conceito bastante inútil ao confundir-se com existência.

Poder-se-ia considerar que a “naturalidade” da imagem lhe vem de uma, pelo menos aparente e bastante completa, falta de ordenação do território, com cada prédio “plantado” ao sabor da especulação imobiliária e uns viadutos plantados após constatação que não tinha sido reservado espaço suficiente para as vias de comunicação. Neste contexto a ordem “artificial” parece não ultrapassar o prédio, esse sim planificado do princípio ao fim.

Tenho observado esta menor planificação urbanística nas grandes metrópoles que não são capitais, como Xangai ou Nova Iorque, enquanto nas capitais como Pequim ou Washington, o espaço urbano é muito mais planificado. Mesmo em países e cidades pequenas como Porto e Lisboa se nota um bocado esta diferença, só há relativamente pouco tempo o Porto se dotou de vias de comunicação estruturadas, algumas das saídas antigas da cidade faziam-se por ruas estreitas intermináveis que levavam os não locais a pensar que se tinham perdido no caminho.

Achei interessante a grande regularidade desta outra construção, onde os permutadores de calor exteriores dos ares condicionados (todos eles duplos) são pré-instalados na totalidade dos apartamentos, evitando a desordem de permutadores de várias formas e cores, possivelmente obtendo descontos de quantidade, sendo uma solução mais económica e melhor adaptada a um condomínio de pequenos proprietários.



Mas mais uma vez a ordem tem dificuldade em ultrapassar o edifício individual, logo ao lado há umas construções em mau estado e um esparguete de cabos eléctricos.

Concluindo, acabo por descobrir alguma utilidade na distinção clássica entre "natural" como construção em que os seres humanos estiveram bastante ausentes e "artificial" quando tiveram intervenção significativa, embora a fronteira seja bastante arbitrária.

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