2010-04-15

Juízo Final

Por várias vezes fiz a conjectura que o poder judicial português estava a ser usado por alguns dos seus membros para atacar o poder político, numa aliança com os meios de informação. Há uma exploração da ideia que os políticos são maus e corruptos, estando a verdade a ser defendida pelos jornais. Felizmente que por vezes isso acontece, dando assim os jornais uma contribuição para uma melhor governação mas, assim como nem todos os políticos são maus, tão pouco todos os jornalistas são bons e, por vezes, os escândalos não passam de pretextos para vender mais jornais. A certa altura, os próprios políticos sentem que também eles têm que denunciar alguma coisa e é a fase em que estamos actualmente, com a criação sucessiva de comissões de inquérito parlamentar para apuramento da verdadeira verdade.

Temos assim que a polícia, os magistrados, os media e os parlamentares estão todos a vigiar o comportamento dos nossos políticos. Há que ter portanto esperança pois com tanta gente a vigiá-los será praticamente impossível colocarem pé em ramo verde.

Mesmo que tudo falhe resta ainda a esperança do Juízo Final, que apresento aqui na interpretação feita por Miguel Angelo, num fresco na parede do altar da Capela Sistina no Vaticano:




O uso do sistema judicial para outros fins não se limita a Portugal. Diz-me um colega que estas confusões de lutas entre políticos, magistrados, jornalistas e parlamentares têm tido desenvolvimentos muito semelhantes na Polónia.

Ultimamente, devido aos escândalos quer dos abusos sexuais de menores por padres da igreja católica, quer pelo encobrimento de demasiados desses casos pela hierarquia, surgiu um conjunto de ataques que me parecem desproporcionados e que conduziram com uma rapidez tão grande a ataques directos ao papa, que me fizeram pensar que alguns sistemas judiciais, em conjunto com os jornais, estavam a ser usados de uma forma muito semelhante à que presenciara há relativamente pouco tempo em relação a vários políticos de Portugal.

Nos primeiros casos que referi era a oposição a atacar o poder executivo, agora são os ateus mais militantes a atacar a hierarquia católica.

Mais uma vez é difícil saber do que estamos a falar. As estatísticas portuguesas sobre abuso sexual de menores que encontrei através do Google:
"http://www.dgpj.mj.pt/sections/estatisticas-da-justica/destaques/abuso-sexual-de-menores/downloadFile/file/Abuso_menores.pdf?nocache=1171376063.63" incluem o ano de 2002 e o de 2003 até Agosto. Esta ausência de números leva-nos directamente para discussões onde não existe o sentido da proporção.

Noutra altura ainda hei de regressar a este fresco sobre o Juízo Final. Por agora limito-me a recomendar posts sobre estes ataques no 2 Dedos de Conversa, no Hole Horror e no Mar Salgado .

1 comentário:

Anónimo disse...

Se os padres forem acusados judicialmente como qualquer pessoa deixa de haver tema de conversa.
Os padres são pessoas,eu proprio podia ser um padre!Porque que não os levam ao tribunal?