2010-11-23

Notícias

O ambiente económico continua complicado e até mesmo este blogue, que se dedica mais às imagens acompanhadas por textos, está a sentir a necessidade de comentar a actualidade político-económica. É uma actividade onde me parece já existir tanta gente, que a expectativa de se adicionar algum pensamento que ainda não se tenha manifestado deverá ser quase nula, mas mesmo assim aqui vão as minhas modestas contribuições.

Começo por citar algo que ouvi na rádio Europa-Lisboa (90.4 MHz), uma estação muito simpática com boa música e muito pouca publicidade, onde na Revista de Imprensa referiram uma pequena notícia publicada no Jornal de Negócios dizendo que “Administração pública é a principal fonte de destruição de emprego” concluindo que “O problema é que a economia continua a destruir emprego, num fenómeno que não depende apenas do comportamento dos empresários. O sector da Administração Pública, Defesa e Segurança Social obrigatória deu no último ano o maior contributo para a redução líquida do número de empregados.”

Eu bem me parecia que o Estado é que é o mau da fita. Não só é despesista, empregando uma porção de funcionários públicos inúteis e improdutivos cujo número nunca mais consegue reduzir, por mais que o governo socialista alegadamente propagandeie, como ainda por cima é mesmo a principal fonte de destruição de emprego!

Li depois, ainda no mesmo Jornal de Negócios, umas críticas do patrão da Ryanair. Não tendo investigado a pessoa, tenho antipatia pela personagem definida nas histórias dos jornais. Mas neste caso chamou-me a atenção as críticas que fazia à construção de um novo terminal do aeroporto de Dublin. Diziam-me que a economia irlandesa ia de vento em popa e agora os seus banqueiros privados e gozando de uma excelente falta de regulação levaram o país à bancarrota. Diziam-me que os irlandeses eram muito espertos porque não se deixavam levar pelo lóbi do betão e afinal andaram a enterrar dinheiro num terminal de aeroporto que este CEO considera inútil. Com tanto erro de análise até um diletante da economia como eu se sente com direito a mandar uma bocas!

Como terceira nota deste post observei no dia 18/Nov, no noticiário da RTP2 uma intervenção do Prof. Daniel Bessa em que comentou um aumento de 15% do valor das exportações portuguesas num mês ou trimestre recente. Quando aparece uma notícia boa em Portugal é praticamente certo que um comentador diga que a realidade não é tão positiva como parece. Neste caso foi alegado que infelizmente se tratava sobretudo de um crescimento através de um aumento de valor, pois a percentagem do aumento em volume fora menor, não havendo assim lugar a uma diminuição do desemprego. Fiquei de boca aberta. Claro que se tivesse sido ao contrário outro comentador ou o mesmo teria dito que a notícia não era tão boa como parecia pois não era exportando muitas mercadorias de baixo valor que o nosso país poderia criar empregos bem pagos como os trabalhadores gostam. Mesmo assim denota alguma capacidade de improviso, conseguir menorizar um indício de subida na escala de valor das nossas exportações. Como dizia um amigo meu, valha-me São Banaboião, anacoreta e mártir...

E para finalizar e a propósito de notícias, deixo aqui uma imagem que não me canso de admirar, a Anunciação pintada por Sandro Botticelli, da coleção da galeria dos Uffizi, e que fui buscar aqui.



Ao ver a imagem recordei a oração da Ave Maria

Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco. ( significativo o uso do verbo ser em vez do estar)
Bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.

2010-11-19

A máquina de costura

Enquanto não me envolvo nas novas querelas religiosas, que têm a ver com a fé ou a ausência dela nos mercados, nas virtudes exorcistas do FMI e nas mais variadas crenças indemonstráveis e também por isso irredutíveis, interesso-me por esta pequena animação, que me lembra os tempos em que traçava linhas ponteadas em folhas de papel, na máquina de costura Singer com pedal que havia na minha casa.

(clique na imagem para ver a animação)

Quando fiz a tropa em Bissau, surpreendi-me ao ver apenas homens a trabalhar com máquinas de costura, quando em Portugal era um trabalho quase sempre desempenhado por mulheres. Ainda hoje não arranjei conjectura para explicar esta diferença. Provavelmente será apenas a perpetuação de um hábito que se foi tornando dominante.

2010-11-14

Kew Gardens, no Outono

A visita que fiz aos Kew Gardens em Nov/2007 continua a ter fotos por mostrar.

Desta vez escolhi esta vista de um Gingko Biloba


desta árvore majestosa


e deste paradigma de imagem de Outono


O mês de Dezembro é quando se têm que concluir as obras, o de Novembro tem muitas reuniões, estou com pouco tempo.

2010-11-12

Correntes


O Luís M.Jorge teve a gentileza de se lembrar de mim nesta corrente de Prémio Dardo.

Poderia voltar a referir, como fiz noutra ocasião, a minha pequena lista de blogues, mas desta vez prefiro destacar os incansáveis e sempre interessantes "...bl-g- -x-st-" e "2 dedos de conversa" e os dois/três blogues tranquilos com boas imagens e textos: Janelas e Nocturno/Beira-Tejo.

2010-11-08

Beira-Tejo

Gosto destas plumas que aparecem no Outono, desta vez sobre um fundo cinzento pouco contrastante



dispostas à beira-tejo neste conjunto de tufos, aqui numa luz crepuscular, em que quase se dissolvem,



e mais ao lado aparecem os tons azuis pálidos, os rosas e os lilases deste fim de dia

2010-11-03

Irrigar círculos

Há bastantes anos vi um artigo no Scientific American sobre um novo método de irrigação que estava a alterar a paisagem, designadamente a que se via dos aviões, em que as terras de cultivo, em vez de se organizarem em quadrados como nos quadros de Mondrian, se enchiam de círculos.

Isso acontecia em terras relativamente secas como o Alentejo, mas onde existiam albufeiras ou lençóis de água subterrânea.

Na minha recente visita a Avis, ao consultar o Google Earth, observei esta paisagem cheia de círculos de vários tamanhos e cores, em redor da albufeira da barragem do Maranhão



Medindo o diâmetro dos círculos constata-se que alguns deles atingem os 900 metros enquanto outros se ficam pelos 360.

Nesta outra imagem que parece quase uma pintura abstracta,



além dos campos irrigados em círculos existem umas árvores dispostas de forma irregular que eu diria serem sobreiros e plantações de árvores dispostas em quadrícula ou organizadas em triângulos que serão provavelmente oliveiras.

Ultimamente tenho visto muitas plantações de oliveiras no Alentejo. Normalmente nestas plantações novas existem sistemas de rega gota-a-gota, tubos pretos alinhados com as árvores.

Nesta imagem mostro um dos aparelhos de irrigação dos círculos, normalmente são vistos de mais longe e parecem mais pequenos



Na altura li que o dispositivo radial era articulado e que as rodas eram movidas por motores eléctricos. A roda que marcava o movimento era a exterior. Quando o braço mais exterior fazia um determinado ângulo com o braço adjacente começava-se a mover o segundo par de rodas a contar do fim, tentando restaurar em 180º o ângulo entre os braços. O mesmo se passava nos braços mais interiores. O único par de rodas com um movimento contínuo era o mais exterior. Todos os outros andavam num para – arranca.

Nesta imagem vê-se um par de rodas e o pequeno motor eléctrico que as move



talvez os braços tivessem neste caso um comprimento de 60 metros cada.

Para um citadino que costuma ver os vegetais nas prateleiras dos supermercados este mar de couves da imagem seguinte é uma quantidade impressionante, dava para encher muitos supermercados!



Curioso que se mantenha o alinhamento da plantação em linhas paralelas, seria muito mais complicado fazer uma disposição radial, além de se perder a constância da densidade de ocupação do solo. No meio da plantação estão marcadas as linhas por onde passam as rodas.