2011-01-31

Artesãos no Cairo

Continuando nos embutidos e nas simetrias mostro agora uma caixinha medindo 7 x 4 cm, uma lembrança de um passeio interessante pela cidade do Cairo.

Gosto da decoração da caixa que tem bastante minúcia, incluindo madrepérola e talvez algum osso de camelo, embora a execução não seja perfeita, como se pode constatar nas duas figuras juntas.

Como diziam nos livros de matemática, deixo para o leitor o exercício de classificar a simetria utilizada nesta caixa, de acordo com a classificação referida no post anterior sobre as calçadas de Lisboa, avisando desde já que não publicarei qualquer solução.





Encontrei esta caixinha em Abril/2006 no caminho da mesquita de Al-Azhar (que se situa na Universidade do mesmo nome) para a Mesquita Azul (Aqsunqur).


Eu e a minha mulher deambulámos por umas ruelas na parte menos ocidentalizada do Cairo e deu-me grande prazer fazer a aquisição directa ao produtor, sem passar pelo comerciante do bazar ou pela loja para turista.


Mesmo não sabendo árabe foi fácil negociar o preço da caixinha e de mais uns pratos pequenos visto que o marceneiro tinha uma calculadora onde íamos colocando as sucessivas ofertas de cada um, até chegarmos ao preço de encontro.




Na imagem seguinte mostro o produtor da minha caixinha, ocupado na manufactura doutra caixa com embutidos mas um pouco maior

notando-se que as condições de segurança no trabalho são fracas. O trabalho estava a ser feito na via pública.

Logo a seguir encontrei um produtor de móveis para encher paredes que não se importou de ser fotografado juntamente com a sua produção mais recente


Por esta altura, ao contemplar a notória falta de qualidade do revestimento dos prédios, interrogámo-nos se esta área seria segura, mas decidimos rapidamente que sim, uma vez que se via tanta gente a ganhar honestamente a vida a trabalhar.


Finalmente ainda fotografei outro fabricante de móveis, neste caso uma espécie de canapé, com umas costas muito trabalhadas


Uma boa parte desta gente deve estar bastante farta do Mubarak ou, de uma forma geral, destas condições de vida que deixam bastante a desejar.

Noutra oportunidade mostrarei as mesquitas Al Azhar e Aqsunqur, cujas imagens se encontrarão facilmente na net. Hoje estava mais virado para a vida quotidiana. Às vezes esquecemo-nos que nestes países vive gente como nós.

1 comentário:

Helena Araújo disse...

Também vi esse truque da calculadora na China.
Eu sozinha num mercado de produtos usados, uma velhota quase sem dentes, num traje típico. Ela escrevia 100, eu escrevia 10. Ela desatava a rir, e escrevia 90, eu escrevia 11, ela ria-se outra vez...
Provavelmente até no fim se riu, quando trouxe por 20 algo que provavelmente não valeria 5.