2011-12-30

Túmulo do poeta Hafez (1315-1390) em Shiraz

De vez em quando somos influenciados pelo conselho de que devemos ler os clássicos e foi assim que encomendei “A riqueza das Nações” na Amazon. Não consegui passar dos 3 ou 4 primeiros capítulos, não só porque contem muitos detalhes datados mas também porque, dado o brilhantismo de muitas das ideias expostas, se fica com a sensação de que já se leu aquelas linhas de raciocínio em muitos sítios.

Quando se encomendam livros na Amazon passamos a receber de vez em quando e-mails dizendo-nos que quem comprou aquele livro que nós comprámos também comprou o outro livro que eles se propõem vender-nos e foi assim que cheguei ao conhecimento da existência da “Teoria dos Sentimentos Morais”, também escrito pelo Adam Smith, que era professor de Moral numa Universidade. Já o comprei mas ainda está na ”lista de espera”, tendo entretanto vindo a aumentar os textos que tenho lido em que se referem a esta obra.

Toda esta conversa para referir que abrindo este último livro ao acaso li que as modas de vestir mudam com muita frequência, ainda mais do que as do mobiliário. Bastante mais tempo duram as obras da arquitectura em pedra mas um poema bem escrito pode durar todo o tempo do mundo.

Surpreendeu-me constatar esta superior permanência de coisas imateriais aparentemente tão frágeis como um poema.

Vem isto a propósito do túmulo do poeta Hafez na cidade de Shiraz, antiga capital do Irão, colocado num recinto muito visitado por turistas, na grande maioria iranianos


e é neste espaço ajardinado que se encontra o túmulo do poeta, protegido por este abrigo sobre colunas


já mostrado no meu penúltimo post onde dou destaque ao maravilhoso tecto que tem uma imagem duma grande qualidade neste sítio da Wikipédia.


A construção actual data dos anos 30 do século passado.


Fiquei surpreendido pelo número de visitantes deste sítio, não conheço um único túmulo em Portugal que seja tão visitado como este, nem o túmulo de Luís de Camões na igreja do mosteiro dos Jerónimos merece tanta atenção, as pessoas deslocam-se mais para ver a igreja, o portal e o claustro do que propriamente o túmulo, que é provavelmente um cenotáfio pois é muito duvidoso que as ossadas sejam do poeta.


Estas visitantes tinham um ar compenetrado (pelo menos duas delas) e na fotografia seguinte podem-se ver algumas  que trazem livros provavelmente com poemas do poeta para os lerem ao pé do seu túmulo! Poemas que foram escritos no século XIV!


Não resisto a reparar na falta de decoro de um dos homens ao pé do túmulo, com os cabelos ao vento e os braços desnudados por uma camisa de manga curta.


Julgo que se mantém no Irão a proibição das iranianas assistirem ao vivo a jogos de futebol, alegadamente para não se perturbarem com a visão dos jogadores com as pernas e os braços à mostra, na televisão de Portugal passou há pouco tempo um filme iraniano em que essa proibição era um dos temas.



Não sendo eu um grande fã de poemas mesmo assim deixo aqui uma ligação para vários poemas deste poeta, e para o seu Ghazal 1 sendo o Ghazal uma forma poética que tendo sido inventada no Irão se espalhou por muitos sítios, até na Alemanha, neste caso divulgada por Goethe.

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