2013-11-11

Kant, os deficits, os superavits e a sustentabilidade



Quando passei pelo liceu existia uma cadeira de Filosofia em que, no equivalente ao actual 11º ano, se dava uma história da Filosofia, desde a Antiguidade até aos nossos dias.

Posteriormente tenho lido um ou outro livro sobre temas da Filosofia mas desde essa altura já ouvi tantas vezes falar no imperativo categórico de Kant que acabei por considerar este conceito como facilmente aplicável a situações concretas.

Uma regra cai na classe de “imperativo categórico” quando se considera desejável (imperativo) que seja seguida por toda a gente. Um exercício mental simples consiste em pensar  como seria o mundo se toda a gente cumprisse essa regra. Se concluirmos que seria um pesadelo deve ser rejeitada.

Mas a regra pode também ser rejeitada caso se conclua que um mundo onde toda a gente seguisse essa regra não é possível.

De uma forma geral parece evidente para toda a gente que um país não pode viver com um défice permanente da sua balança comercial, importando mais do que exportando, donde a enorme alegria com que o actual governo de Portugal registou o facto de durante um período deste seu exercício as exportações de bens superarem as importações.

Existe contudo muito menos ênfase nas críticas à existência de superavits sucessivos em alguns dos  países da União Europeia.

Eu esperaria que o nosso governo, em paralelo com as afirmações constantes sobre a necessidade de eliminarmos o défice, desse um ênfase semelhante à necessidade absoluta de eliminar os superavits dos nossos parceiros da Europa.

Na realidade assim como não pode existir um mundo composto exclusivamente por países deficitários tão pouco é viável um mundo em que todos os países sejam superavitários.

É assim irracional eleger como virtude a condição superavitária de um país.

A única condição sustentável consiste em todos os países manterem um equilíbrio entre importações e exportações. Claro que poderão existir variações à volta desse equilíbrio mas afastar-se desse equilíbrio, quer para o lado do déficit quer para o lado do superavit, não pode ser considerado como um afastamento virtuoso.

É difícil arranjar uma imagem para ilustrar um texto sobre estes temas. Assim e à falta de melhor deixo aqui um candeeiro de tecto que comprei na Dinamarca em 1979, e que ainda faz bom serviço no meu escritório, agora com lâmpadas economizadoras. Esperando que a sua luz ilumine quem precise de ver melhor.

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