2016-06-20

História dos eléctricos de Lisboa


Em meados do passado mês de Abril assisti à apresentação do livro “Do Dafundo ao Poço do Bispo uma História sobre Carris”, uma edição do autor, Luís Cruz-Filipe, apresentação de que se pode ver uma pequena reportagem, por exemplo neste Youtube ou uma referência neste sítio.

O livro trata da história dos carros eléctricos em Lisboa e da sua rede cuja electrificação se iniciou cerca de 1900, que se foi expandindo a vários ritmos, tendo atingido a sua dimensão máxima nos anos 60 do século XX.

A partir daí foi diminuindo, sendo as carreiras substituídas parcialmente por autocarros e também sempre que se instalaram linhas do Metropolitano em percursos onde existiam linhas de eléctrico, estando a rede actualmente reduzida a 5 carreiras, duas à beira-rio com eléctricos modernos da Baixa até Belém e Algés, as 25 e 28 com grande procura de turistas e a 12 que circula entre o Martim Moniz e a Graça também procurada pelos turistas.

O livro tem informação vasta, detalhada e verificada com grande cuidado.

Dada a minúcia do tratamento li apenas com mais detalhe a primeira parte do livro, que versa sobre a evolução da totalidade da rede, passando mais depressa o tratamento específico das diversas carreiras.

O livro tem um conjunto notável de fotografias e através delas revi um conjunto de cenas comuns que foram desaparecendo quase sem eu dar por isso.

Além das composições com reboque



desapareceram também os modelos mais compridos, com 9 ou 10 janelas laterais como se vêem abaixo



Quando os autocarros foram introduzidos as suas janelas não tinham aberturas tão grandes como nos eléctricos e nos dias de calor atingiam temperaturas verdadeiramente insuportáveis. Os eléctricos, quando se conseguia um lugar à janela, sobretudo no modelo mais à esquerda ou nos antigos ainda em circulação, proporcionavam uma viagem muito agradável com a brisa da deslocação do veículo a refrescar os felizes ocupantes dos lugares à janela.

Outra vista que deixou de ser frequente, pela simples redução da quantidade de veículos em serviço, eram as enormes filas quando se formavam engarrafamentos, muitas vezes devidos a veículos mal estacionados obstruindo a passagem do eléctrico.

Às vezes penso que a tolerância da nossa sociedade (a modéstia da multa/penalidade) para veículos que impedem a passagem do eléctrico, que continua a existir como referido aqui, deve ter dado um forte contributo para a quase extinção deste meio de transporte, que continua a ser utilizado em várias cidades da Europa.

Este livro é também um sinal de que as condições da emigração actual são completamente diferentes das que prevaleciam há alguns anos, em que a distância implicava um corte muito maior com o que se passava em Portugal. O Luís trabalha actualmente na Dinamarca mas continuou a consultar os jornais portugueses de há décadas que estão disponíveis na internet, com a mesma facilidade que um habitante de Lisboa. E troquei com ele agora um e-mail sem fazer ideia do sítio onde está.

Quem quiser comprar o livro pode obtê-lo enviando e-mail para o autor usando o endereço: lcfilipe@gmail.com.

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