2017-10-10

Pavão


Este é o milésimo post deste blogue que já existe desde Março/2008. Pareceu-me adequado fazer um post sobre pavões, pavoneando assim a minha longevidade como bloguista.

Na terceira idade regressa-se à juventude e vejo-me assim a fazer uma redacção sobre o pavão, se bem que na sua elaboração tenha tomado contacto com avanços científicos na explicação da iridescência que dão um ar mais adulto a este texto.

De vez em quando vejo pavões na Quinta Pedagógica nos Olivais. Além do espectáculo sempre deslumbrante da exibição da cauda dos pavões, aprecio o seu comportamento tranquilo, o que me leva a fotografá-los com alguma frequência. Neste post selecciono algumas das muitas fotos que tenho tirado.

Nestas duas primeiras imagens mostro a comunidade que existia em Novembro/2014, 2 machos e 5 fêmeas. O grupo parecia coexistir de forma despreocupada



ocasionalmente com segregação por sexos, 2 machos por um lado e 5 fêmeas por outro



com zoom para as fêmeas



Uma das características que aprecio nos pavões é o silêncio e a discrição com que que se movem. De repente notamos que estão vários pavões à nossa volta sem que tenhamos sido avisados por ruídos vários da sua chegada.

Na foto seguinte, de Maio/2015 esta fêmea aproximou-se bastante da cadeira da esplanada e comeu um pedacinho de chocolate de um gelado que caíra no chão.



Aproximou-se lentamente, mantendo (difícil não antropomorfizar...) um ar altivo, com aqueles penachinhos na cabeça a fazer lembrar um diadema.



As cores das pavoas são muito mais discretas do que as dos pavões mas mesmo assim o pescoço tem uma cor verde muito bonita. Na consulta das entrada da wikipédia sobre pavões, na versão em português e na versão mais completa em inglês constatei que muitas das penas dos pavões são iridescentes, à semelhança do que acontece com muitas outras aves, com borboletas, conchas marinhas, alguns insectos e outros materiais, como por exemplo as opalas.

A iridescência é uma propriedade de objectos cuja côr varia conforme o ângulo de observação dos mesmos. A côr é obtida através de estruturas nanométricas (dimensão entre 1 e 100 nanómetros) designando-se por “coloração estrutural”.

Os físicos Newton e Robert Hooke já tinham notado que as cores iridescentes dos pavões eram criadas por coloração estrutural e não por pigmentos.

São as interferências ópticas (reflexões de Bragg) causadas pelas nanoestruturas periódicas existentes nas bárbulas das penas

Por André Cattaruzzi - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, 
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=40852338


que causam as cores iridescentes das penas dos pavões. Depois do Lorde Rayleigh se ter interessado pelos cristais fotónicos em 1887 o assunto foi retomado em 1997 por Eli Yablonovitch tendo desde essa altura sido objecto de grande actividade de investigação, dadas as importantes aplicações industriais que se prevêem no domínio da óptica.

No artigo da wikipédia sobre iridescência encontrei referência a este artigo intitulado “Coloration strategies in peacock feathers” fazendo parte de uns “Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America”, da autoria de 8 autores chineses trabalhando na Universidade Fudan em Xangai. O facto de terem usado o microscópio electrónico no estudo das estruturas existentes nas penas do pavão dá uma explicação para este assunto ainda não estar completamente estudado.

Felizmente estes chineses ainda publicam artigos em inglês, um dia destes é possível que as revistas de física mais importantes sejam publicadas em mandarim. Seria bom que por essa altura pelo menos o pinyin fosse preferido em relação aos ideogramas.



Ainda no mesmo ano, em 29/Nov/2015 16:16 tirei esta foto de 4 pavoas sobre um telhado da Quinta Pedagógica.


Já tinha visto pavões a voar para ramos altos de árvores mas fiquei surpreendido com esta posição sobre telhado.


Fui verificar à Wikipédia onde diz que os pavões são aves da floresta que nidificam e se alimentam no chão mas repousam empoleirados nas árvores.


Ou então em sítios altos de difícil acesso como optaram estas pavoas. Fui ver a que horas foi o sol posto na data da foto, foi às 17:16, provavelmente as pavoas já tinham comido que chegasse e foram preparar-se para passar a noite. Não me lembro de ver galinhas ou galos em sítios tão altos.

Na internet vi uns filmes curiosos em que mostram perus selvagens, que pernoitaram em ramos de árvores, voando para um sítio sem árvores ao nascer do sol. É possível que existam filmes semelhantes para pavões.



A seguir mostro 3 imagens de Fevereiro/2016 de pavões a alimentar-se no prado verde da quinta do Contador-Mor, adjacente à Quinta Pedagógica




Achei graça a este Pavão empoleirado em cima dum “Jogo do Galo”, em Março/2016, confirmando uma atitude Zen que deve ser uma das características que aprecio nos pavões



e termino naturalmente com um pavão exibindo a sua cauda maravilhosa



Será fácil encontrar fotos de leques de pavão melhores do que esta. Normalmente o fundo da fotografia perturba a cena e a iluminação desta cauda é fraca. Por exemplo aqui tem uma foto interessante e outras aqui.





3 comentários:

Vítor Lindegaard disse...

Parabéns pelo milésimo post! Não é um aniversário, mas tem um valor simbólico semelhante, acho que se pode dar os parabéns. Além disso, é um bom post, podia dar-se parabéns mesmo que não fosse o milésimo.

João S Ricardo disse...

Muitos parabéns ao blogger Amarante dos Santos que, ao longo de tanto tempo, nos tem dado interessantes ideias e imagens revelando gosto fotográfico e cultura que enriquecem os que o seguem. Esperamos que continue neste caminho para o interesse de todos nós...

jj.amarante disse...

Obrigado ao Vítor e ao João pelas palavras simpáticas.